sexta-feira, 17 de abril de 2020

Bastava um olhar

Em cascatas brotam da minha pele as saudades de ti.
A noite cai, a porta fecha-se, a luz apaga e a minha alma inquieta-se.
Não estás!
A mão que me afaga os cabelos para me aquietar não veio; o olhar que me tranquiliza e, em silêncio, me diz que sou especial apagou-se; o sussurro em abraço "dorme bem" calou-se.
Já não estás!
Durmo a ausência.
Se ao menos em olhar me abraçasses e me aconchegasses o cabelo...
Se ao menos em olhar me dissesses que sou especial...
Se ao menos em olhar me tranquilizasses a alma...
Se ao menos em olhar me sussurrasses um abraço...
Bastava um olhar.
...
O sol nasce, bate-me à janela.

                                                                       Maria Adelaide Santos 

 Porquê?



domingo, 5 de abril de 2020

As marcas do tempo II

Há qualquer coisa que me escapa.
Mas escapa-te porquê?
Difícil de perceber e de explicar. Estará em mim a falta de capacidade de discernimento ou, de facto já não existe e por isso escapa-me?
E escapa-te o quê, em concreto?
E como é que sentes que te escapa?
Experimenta agarrar uma mão cheia de areia. Aperta-a bem e observa.
Vês?

A presença
A escuta
A solidez
A certeza
A segurança
A confiança
O abraço
O toque
O empenho
O carinho
O aconchego
As mãos
... numa palavra: o Amor verdadeiro!
Escapa-me!



As marcas do tempo I

 Li este texto, que cito, escrito há cerca de quatro anos e dei comigo a esquartejá-lo.

"... para te dizer que te amo!
para te dizer que és uma mulher linda!
para te dizer que me completas!
para te enviar um beijo!
para te enviar um ABRAÇO!

até já..."

Dizer isto, ou melhor, escrever isto é brutal!
É a mais simples e mais completa declaração de amor.
Está lá tudo.
"... para te dizer que te amo!"
Só isto seria suficiente para estremecer qualquer mulher, principalmente porque os homens têm dificuldade em assumir e verbalizar o amor, sentem-se fracos por o fazerem, porque homem tem de ser duro, homem é homem!
Vestem uma capa endurecida pela ausência da palavra que lhes esconde as fragilidades.
Este homem foi corajoso. Assumiu, verbalizou, escreveu. Ficou gravado.
"... para te dizer que és uma mulher linda!"
O conceito de beleza, aqui, é muito abrangente: beleza exterior? Interior?
Será que esta mulher tem apenas dotes físicos relevantes no seu quadro de referência que a qualificam como bela? Ou esta mulher revela qualidades que a colocam num patamar de Ser Humano autêntico, de Essência pura do Ser?
Ele responde:
"... para te dizer que me completas!"
Corajoso! Este homem reconhece, assume, verbaliza, escreve que lhe falta algo para ser completo. Esta mulher. Para ser inteiro, este homem precisa desta mulher e assume.
"... para te enviar um beijo!
para te enviar um ABRAÇO!"
A concretização deste amor reflectido num beijo e num abraço, um abraço todo em maiúsculas, revelando, talvez, uma completa cumplicidade e especial apreço pelo acto de abraçar que os dois partilham.
"... até já..." 
A certeza do encontro.

Esta foi a mais simples e maravilhosa declaração de amor que alguma vez li.
No passado.

Maria Adelaide Santos

Porquê?


quarta-feira, 26 de junho de 2019

Amor em part-time

Já não a via há muito tempo. Muito tempo mesmo. Talvez há mais de 25 anos. Está igual. O sorriso, principalmente o sorriso está lá: aberto, franco e luminoso. Algumas rugas, poucas, uns cabelos brancos aqui e ali, disfarçados com as madeixas, a mesma forma de olhar nos olhos quando fala. - É para que me ouçam melhor!, costumava dizer por brincadeira.
Ríamos tanto nessa altura!
E rimo-nos hoje também. Recordámos velhas histórias, antigos colegas, professores, as partidas que pregámos, as que nos pregaram, ... falámos dos filhos, da família, ... de como éramos felizes naquela altura.
Tomámos chá e comemos uns biscoitos deliciosos, as rosquinhas, feitas ali mesmo na confeitaria, a mesma que frequentávamos na adolescência.
Quando estávamos prestes a terminar o nosso encontro a Teresa pegou na minha mão e atirou: " És feliz?" 
Nem tive tempo de lhe responder.
As lágrimas saltaram-lhe de chofre, a voz embargou, senti a minha mão asfixiar, tal era a força com que a apertava.
Fiquei atenta, acompanhei os seus olhos, esperei por ela.
Quando recuperou a voz, pediu-me: "Vamos caminhar um bocadinho?"
Claro. Terminámos o chá, levámos o resto dos biscoitos e saímos.
Depois de uns minutos e silêncio - que eu respeitei - confessou:
"Sinto-me descartável, de usar e deitar fora, uns dias, outros sou uma espécie de casaco antigo, um pouco démodé mas que se mantém no roupeiro, não vá um dia ser preciso, quem sabe o casaco novo não esteja disponível. 
Vivo um amor em part-time. 
A verdade é que já não sei de quem foi a vontade: minha ou dele."
E agora? Qual é a tua vontade, Teresa?
A tarde fugiu sem nos apercebermos.
Marcámos outro encontro, outro chá. Precisa de aclarar ideias e perceber-se.

Maria Adelaide Santos

Porquê?

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O ignificado do nome

Retirado do "Dicionáio dos nomes próprios"

Significado do Nome "Francisco"

Francisco: Significa "francês livre", ou "aquele que vem da França".
O nome Francisco tem origem no latim Franciscus, que veio do germânico Frank, que quer dizer "franco", mais o sufixo isk, que denota nacionalidade. Franco significa "livre", por isso a tradução do nome Francisco é "francês livre".
Origem Histórica
A primeira ocorrência do nome Francisco aconteceu no século XIII. Estando na França quando o filho nasceu, e como era admirador desse país, um homem italiano da cidade de Assis resolveu mudar o nome do filho de Giovanni, variante italiana de João, para Francesco. Este menino veio a ser São Francisco de Assis.

Significado do Nome "Gabriela"

Gabriela: Significa “mulher de Deus”, “mulher forte de Deus” ou “fortaleza de Deus”.
Gabriela é a variante feminina de Gabriel, nome originado a partir do hebraico Gabriel.
Gabriel é formado pela união dos elementos gébher, que quer dizer “homem, homem forte”, e el, que significa “Deus”. Por extensão, para a versão feminina, é atribuído o significado “mulher de Deus" ou "mulher forte de Deus”.
A variante masculina ocorreu na Inglaterra pela primeira vez por volta do século XII, como Gabel e Gabell. Já durante a Idade Média, a forma feminina Gabrielle passou a ser comumente utilizada para designar ambos os sexos.
Na Escritura Sagrada
A forma masculina é mencionada no Antigo Testamento da Bíblia como um anjo mensageiro que anuncia a Zacarias a vinda do seu filho João Batista. É o mesmo anjo que anuncia à Maria o nascimento de Jesus Cristo.
Para os islâmicos, Gabriel é o anjo que ditou o Alcorão a Maomé como mensageiro de Deus.

domingo, 19 de março de 2017

Agradecer-te todos os dias



Agradecer-te, é o que eu quero.


Não seria eu se não fosses tu, também.
(Permite-me que te trate por tu)
Seria outra, ou outro ou, apenas, ninguém.
É tão intrigante e, ao mesmo tempo, tão gratificante quando penso nesta perspectiva! A constatação de que fui abençoada, de que fui eu a escolhida, a seleccionada, … EU.


Por isso, agradecer-te é o que eu quero.


Depois, perceber o quanto me quiseste, o quanto me amaste, o quanto cuidaste de mim!
Sim, porque quem ama, cuida.
Quando a gente gosta É claro que a gente cuida”. Sábio, Caetano!
Perceber e sentir esse amor em cada palavra, em cada atitude, em cada reprimenda, em cada silêncio. Todos os dias da tua vida na minha vida, da minha vida na tua. E foram poucos. Eu queria mais. Eu precisava de mais. Fizeste-me falta. Fazes-me falta.


Por isso, agradecer-te é o que eu preciso.


Pela grandeza da tua alma, pela sabedoria do teu exemplo, pela serenidade da tua presença, pela inspiração que sempre foste e que és.
E inspirada em ti me fiz mais forte e mais segura. Eu.
Por isso, agradecer-te é o que eu preciso.
Todos os dias.
De joelhos:

- Obrigada, meu pai! 
Maria Adelaide Santos

Porquê

segunda-feira, 6 de março de 2017

"É preciso Vida para poder Viver"

"É preciso Vida para poder Viver" foi a frase que ontem me ficou gravada na memória, aconchegada num turbilhão de emoções muito fortes, entre a perda e o desânimo, a dor e a saudade mas, acima de tudo, o vazio. Aquele vazio que nos invade e torce por dentro, que nos massacra com a pergunta: "Onde estiveste, que não estavas lá!?"
Ocupada? Distraída? A olhar para o meu umbigo? Inconsciente e desatenta?
Onde estava que não estive lá?
Foi como se me tivessem atirado uma pedra à cabeça!" A Laurinha já partiu".
... uma pedra à cabeça... mas que doeu não sei bem onde. Algures num sítio dentro de mim e que aí ficou, latejando durante horas, muitas horas.
Ontem percebi quantas pessoas receberam a mesma pedrada. Tantas!
O ser humano é, de facto, muito rico e nobre. Principalmente quando se une na partilha. Nem que seja na dor, na perda, no desânimo, na saudade, na partida mas, principalmente, no amor.
A Laurinha partiu.
Numa outra dimensão, como que a preparar terreno, aguarda a chegada de cada um e de todos, mesmo dos que "levaram com uma pedra na cabeça.
Entretanto, por cá, todos precisamos de Vida para poder Viver.
E a Vida, a nossa Vida, somos nós que a fazemos e que celebramos.
"É preciso Vida para poder Viver".

 Maria Adelaide Santos